sexta-feira, 26 de maio de 2017

Eliminar a dengue: Wolbachia foi transmitida para 90% dos Aedes aegypti em bairro de Niterói


O projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil, conduzido pela Fiocruz, confirma sua nova taxa de sucesso em 90% de presença de Aedes aegypti com Wolbachia no Ponto Final, em Jurujuba, bairro de Niterói onde foi implementado o projeto-piloto. Neste momento, a fase de expansão avança para bairros da Região Oceânica do município. Com equipe presente nos bairros de Cafubá, Jacaré, Jardim Ibuí, Piratininga, Santo Antônio e Camboinhas, o projeto promove atividades de informação, conhecimento e engajamento comunitário para que, em breve, possa prosseguir com a liberação dos Aedes aegypti com Wolbachia. A iniciativa da Fiocruz ajudará a proteger mais 32 mil habitantes dessas doenças.

“O aumento da frequência de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia no Ponto Final, em Jurujuba (área do projeto-piloto), é considerado um resultado extremamente satisfatório e corrobora a autossustentabilidade do método. Agradecemos a população do Ponto Final, de toda Jurujuba e também da Região Oceânica, onde atuamos no momento, pelo contínuo apoio recebido desde o início das nossas atividades no município”, reforça Luciano Moreira, pesquisador responsável pela iniciativa no Brasil.


Projeto 

O projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil propõe um método capaz de reduzir a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya pela liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Essa bactéria é natural, pois existe em muitos outros insetos. A iniciativa é parte do programa internacional Eliminate Dengue: Our Challenge, com participação do pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, que lidera o projeto no Brasil. A metodologia consistiu na inoculação da bactéria Wolbachia, retirada da mosca da fruta, no ovo do Aedes aegypti, para que desta forma o inseto se desenvolva com a bactéria no seu organismo de forma intracelular.

O projeto propõe a liberação dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em uma área por um determinado período de tempo, proporcionado a substituição gradual da população de mosquitos Aedes aegypti de campo pelos mosquitos com a bactéria Wolbachia. Esta substituição ocorre mediante o cruzamento entre eles, com a transmissão da bactéria pela fêmea aos seus filhotes. Desta forma, o método torna-se autossustentável, uma vez que naturalmente a bactéria vai se perpetuar nas gerações futuras dos mosquitos.

“O método não envolve nenhuma modificação genética e é complementar a todos que já existem para proteção e combate às doenças. É uma iniciativa inovadora, sem fins lucrativos, autossustentável, porque não exige a sua contínua implementação na área, além de ser segura, porque não tem qualquer influência em seres humanos e no meio ambiente”, explica Moreira.


Expansão 

A fase de expansão, já iniciada nos bairros de Charitas, Preventório, São Francisco e Grota no início deste ano, está em fase de liberação mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em algumas destas localidades e chega agora à Região Oceânica e, em um futuro próximo chegará ao município do Rio de Janeiro, iniciando pela Ilha do Governador. Nas novas áreas, a equipe de Engajamento Comunitário está dialogando e tirando dúvidas com a comunidade sobre a metodologia. A conscientização sobre a importância da participação de toda a população é fundamental para o sucesso da iniciativa.

“Estamos bastante otimistas com esta expansão do projeto, pois teremos a oportunidade de trazer mais um método à população para reduzir a incidência dessas doenças transmitidas pelos mosquitos, agora em maior escala”, ressalta Moreira.


Aprovações éticas e regulatórias

O protocolo da fase de expansão do Projeto no Brasil foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.


Apoiadores e financiadores

No Brasil, o projeto é apoiado pelo Ministério da Saúde (Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis - Devit/SVS - e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - Decit/SCTIE) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com contrapartida da Fiocruz. A Secretaria de Saúde de Niterói e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro atuam como parceiros locais na implantação do projeto, fornecendo contrapartida de pessoal e logística. O financiamento internacional inclui verba da Fundação Bill & Melinda Gates, via Universidade Monash (Austrália) e Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.


Fonte:  Fiocruz

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Febre amarela: pesquisa identifica mutações na sequência genética do vírus


O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) realizou os primeiros sequenciamentos completos do genoma de amostras do vírus da febre amarela referentes ao atual surto da doença no Brasil. Foram investigadas duas amostras de macacos oriundos do Espírito Santo, mortos em final de fevereiro de 2017. A análise apontou que os microrganismos pertencem ao subtipo genético conhecido como linhagem Sul Americana 1E, que é predominante no país desde 2008. No entanto, a partir da análise da sequência completa do genoma do vírus foi possível constatar a presença de variações em sequências genéticas que estão associadas a proteínas envolvidas na replicação viral. Não há registro anterior dessas mutações na literatura científica mundial. Os pesquisadores envolvidos na descoberta reforçam que os impactos para a saúde pública ainda precisam ser investigados e apontam para a necessidade de se avaliar mais amostras, relativas a locais diferentes e incluindo casos em humanos, macacos e mosquitos. Os resultados das análises foram divulgados na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Os dados foram comunicados pela Presidência da Fiocruz ao Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. Adicionalmente, dados ainda não publicados apontam os mesmos resultados para a análise de mosquitos coletados no Espírito Santo e para um macaco que veio a óbito no Estado do Rio de Janeiro.

O estudo partiu de uma constatação que vem ganhando cada vez mais espaço: a atual situação de febre amarela no país conta com lacunas de entendimento sobre sua dinâmica de dispersão. O surto é o mais severo das últimas décadas, e a doença tem se espalhado de forma rápida, com epizootias e casos humanos diagnosticados inclusive em locais considerados livres do agravo há quase 70 anos. Os pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus e do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC se dedicaram a buscar evidências que possam contribuir para esclarecer uma pergunta importante: existe algo de diferente no vírus da febre amarela que está circulando atualmente? “Nesse momento, o compromisso de cada um de nós, pesquisadores, deve ser de gerar conhecimento na sua área de especialidade e compartilhar essas descobertas, de forma acelerada, para que possamos contribuir para preencher um mosaico de evidências que permita ajudar a explicar o cenário atual”, afirma a pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC, que coordenou o estudo com o pesquisador Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC. Ambos integram a Sala de Situação para Febre Amarela Silvestre criada pela Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).


Origem das amostras sequenciadas
Em uma colaboração com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS), o Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários vem atuando na coleta de amostras de primatas e mosquitos em locais estratégicos para o estudo do risco de transmissão e de re-emergência do ciclo urbano da febre amarela. Foi neste contexto que, em final de fevereiro de 2017, o grupo coletou sangue de dois macacos bugios (da espécie Alouatta clamitans) que adoeceram em uma área de mata no Espírito Santo, confirmou a infecção pelo vírus e obteve o material genético para o sequenciamento do genoma. “Os bugios são especialmente importantes nas investigações sobre a febre amarela por serem considerados ‘sentinelas’: como são muito vulneráveis ao vírus, estão entre os primeiros a morrer quando afetados pela doença. Além disso, estes animais amplificam eficientemente o vírus em seu organismo, favorecendo a infecção de mosquitos que habitam as matas e a disseminação da transmissão silvestre, na qual os seres humanos são infectados acidentalmente. Por isso, sua morte dispara um alerta para a possível presença do vírus em uma localidade”, descreve Ricardo, que combina as experiências como veterinário e entomologista. As coletas foram realizadas por Filipe Abreu, estudante de pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC, que atua na equipe liderada por Ricardo. "Como há décadas não se registrava febre amarela na mata atlântica, pensei que não veria suas consequências na prática. Foi um enorme aprendizado ter a oportunidade de visualizar e trabalhar, em campo, com objeto de estudo da minha tese", o jovem biólogo comenta. 


Análise do genoma do vírus
Após a extração do material genético (RNA) das amostras, foi realizado o processo de sequenciamento completo do genoma, atividade que contou com o apoio da Plataforma Tecnológica de Sequenciamento de DNA do IOC. As análises apontam para três principais evidências. Como primeira evidência, foi observada 100% de identidade entre as sequências genéticas dos vírus presentes nos animais – ou seja: os vírus tinham sequências genéticas idênticas.

A segunda evidência foi a constatação da presença de modificações no código genético dos vírus. Essas mutações foram identificadas quando a sequência genética completa obtida foi comparada à sequência genética completa de vírus relacionados a surtos ocorridos desde a década de 1980 no Brasil e na Venezuela, país onde a linhagem Sul Americana 1E também é predominante. Para a comparação, foram usados bancos de dados internacionais dedicados ao depósito de sequências genéticas. “As modificações que observamos são inéditas, não estão descritas em achados anteriores”, Myrna detalha.

A terceira evidência foi obtida na análise das proteínas virais, em um passo seguinte à constatação de mudanças na sequência genética. “De forma muito simplificada, o genoma é um código que tem o papel de orientar a produção de proteínas. Essas proteínas são a base da própria estrutura do vírus, formando seus elementos constitutivos, como as paredes do vírus, por exemplo. Podemos comparar o genoma a um roteiro: o vírus tem um repertório de proteínas que são fabricadas a partir da informação do genoma. Algumas mudanças genéticas não impactam as proteínas do vírus. Por isso, é importante observar se as variações genéticas poderiam modificar o repertório das proteínas fabricadas”, descreve a virologista molecular, que é especialista em flavivírus, grupo dos vírus dengue, Zika e febre amarela.

Tendo em vista que foram verificadas modificações na composição de proteínas importantes para a replicação viral, os pesquisadores consideram que é possível haver uma vantagem seletiva, refletindo-se na capacidade de infecção e disseminação do vírus. Entretanto, novas pesquisas são fundamentais para determinar se essas modificações no genoma são específicas dos microrganismos envolvidos no surto atual. “Nesse momento, estamos buscando amostras de genoma do vírus da febre amarela oriundas de diferentes hospedeiros – incluindo seres humanos, macacos e mosquitos – e de diversificadas origens geográficas – especialmente no Sudeste do Brasil, onde a epidemia tem sido mais intensa – para compreender melhor esse fenômeno”, informa Ricardo.

Sobre um possível impacto para a vacina disponível, os pesquisadores explicam que o imunizante adotado atualmente protege contra genótipos diferentes do vírus, incluindo o sul americano e o africano. Além disso, as alterações detectadas no estudo não afetam as proteínas do envelope do vírus, que são centrais para o funcionamento da vacina. Eles ressaltam que as sequências genéticas completas dos vírus analisados no estudo já foram publicadas no GenBank, de modo a estarem disponíveis para comparações que possam ser realizadas por outros cientistas do Brasil e do mundo.


Fonte:  Fiocruz

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Aedes aegypti: combate pode ser mais eficiente durante o frio



O fato de o mosquito Aedes aegypti se proliferar com mais intensidade durante as estações mais quentes do ano faz com que boa parte das pessoas só se lembre de eliminar os criadouros nesses períodos. Entretanto, de acordo com o pesquisador da Fiocruz Minas Fabiano Duarte Carvalho, é quando caem as temperaturas que as medidas de controle podem ser mais eficazes, já que o ciclo reprodutivo do mosquito fica mais lento e, dessa forma, as ações voltadas para o combate terão um impacto maior.

“Sabemos que há casos de dengue e outras arboviroses o ano inteiro, o que significa que o mosquito está presente em todos os meses. Entretanto, este é um período em que há menos mosquitos em circulação e, com isso, é muito mais fácil combater os focos neste momento. É preciso aproveitar a fase em que o Aedes está mais fraco”, afirma o pesquisador.

Especialista em hábitos e comportamento do Aedes aegypti, Carvalho é um dos autores do artigo Why is Aedes aegypti Linnaeus so Successful as a Species?  (Por que o Aedes aegypti pode ser considerado uma espécie de sucesso?), publicado recentemente na Neotropical Entomology, uma importante publicação na área de entomologia. Nele, os pesquisadores relacionam uma série de fatores que favorecem a espécie e fazem com que o combate ao inseto seja um desafio para todos os países que sofrem com as doenças por ele transmitidas.

O ciclo de vida do mosquito compreende quatro fases –ovo, larva, pupa e adulto- e, segundo os pesquisadores, é lá no primeiro estágio que reside uma das principais razões de sucesso do inseto. É que o ovo do Aedes aegypti é extremamente resistente, podendo durar por mais de um ano, quando as condições são desfavoráveis.

“Os ovos podem eclodir em minutos quando imersos em água. A falta dela, entretanto, não representa a quebra desse ciclo de vida, uma vez que os ovos permanecem viáveis durante semanas, meses, podendo chegar a mais de 400 dias. É claro que o número de ovos viáveis diminui ao longo do tempo, mas os que permanecem podem ser suficientes para a manutenção local da espécie”, explica Carvalho.

Outra característica que contribui para a proliferação da espécie é a alta capacidade reprodutiva. Uma única fêmea pode colocar aproximadamente 100 ovos por ciclo. “Além disso, elas têm uma estratégia que chamamos de oviposição em saltos, que é a distribuição dos ovos entre vários locais de reprodução, tornando complicada a tarefa de eliminar completamente os criadouros.  Há estudos que demonstram que uma única fêmea distribui ovos entre quatro e seis criadouros e que, quando há condições, podem usar até 11”, destaca Carvalho.

Oportunista- O comportamento oportunista do Aedes aegypti também é apontado pelos pesquisadores como um dos aspectos que mais o beneficiam. Embora tenha hábitos preferenciais, a espécie possui uma capacidade de adaptação elevada, possibilitando-a aproveitar todas as oportunidades para se proliferar. Um exemplo disso se refere ao ambiente reprodutivo. Sabe-se que o inseto prefere a água limpa, mas, se não houver, ele poderá colocar os ovos em água com um pouco mais de matéria orgânica.

“Um estudo recente realizado em quatro regiões de Salvador demonstrou a presença de larvas do mosquito em esgotos de duas das localidades pesquisadas. A importância dos esgotos para a reprodução do mosquito também já foi descrita em outros países, como Colômbia e México”, revela Carvalho.

Bem adaptado a ambientes urbanos, o Aedes tem preferência por depositar os ovos em contêineres artificiais, encontrados facilmente nos espaços domésticos. Recipientes com coloração escura são os mais utilizados, o que dificulta a tarefa de detectá-lo durante as inspeções domiciliares.

Outra consideração importante, segundo o pesquisador, é que os recipientes pequenos também são potenciais locais de reprodução. Isso é possível porque a espécie se desenvolve rapidamente e, dessa forma, chega à fase adulta antes que a água se evapore, evitando a mortalidade do vetor.

Controle mecânico- A eliminação dos criadouros é uma das principais formas de controle do mosquito. Assim, de acordo com o pesquisador, ao se deparar com potenciais locais de possível reprodução, cada pessoa deve se perguntar se há alguma necessidade deles.

“A resposta para esta pergunta é, muitas vezes, “não”, caso em que o local deve ser eliminado. Se a resposta for “sim”, é preciso então fazer modificações, de forma a evitar que aquele espaço se torne um local de reprodução para o inseto. Um exemplo: eu não posso eliminar minha caixa d´água, mas posso mantê-la bem fechada para que não vire um criadouro”, explica.

Entre as ações propostas, além da vedação dos reservatórios de água, Carvalho lembra da necessidade de limpar as calhas, remover os pratinhos dos vasos de plantas, bem como a manter garrafas, latas e outros recipientes virados para baixo de forma que não acumulem água.

“Cuidados especiais também devem ser tomados com locais de reprodução menos óbvios, como ralos em locais pouco usados, bandejas atrás de refrigeradores e outros espaços do ambiente doméstico pouco utilizados, como, por exemplo, os banheiros da área de churrasqueira”, diz. “Lembrando que essas ações durante as estações mais frias serão ainda mais eficazes”, salienta.


Fonte:  FIOCRUZ Minas

sábado, 13 de maio de 2017

Ministério da Saúde declara fim da Emergência Nacional para Zika e microcefalia



A medida ocorre devido à queda no número de casos de Zika e microcefalia. Ações de enfrentamento ao mosquito Aedes Aegypti e a assistência às crianças e mães serão mantidas

O Ministério da Saúde declarou, nesta quinta-feira (11/05), fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência do vírus Zika e sua associação com a microcefalia e outras alterações neurológicas. A decisão, informada à Organização Mundial da Saúde (OMS) por meio de nova avaliação de risco, ocorre 18 meses após a decretação de emergência, em um momento de queda nos casos de Zika e microcefalia em todo o país. 


Até 15 de abril deste ano, foram registrados 7.911 casos de Zika em todo o país, uma redução de 95,3% em relação a 2016, quando ocorreram 170.535 notificações. Os dados de microcefalia têm apresentado redução importante no número de casos novos notificados a cada semana, desde maio de 2016. Os casos novos mensais têm se mantido em 2% desde o mês de janeiro de 2017. No pico dos casos de microcefalia, em dezembro de 2015, foi registrado incremento de 135% nas notificações.
Além disso, neste momento, o Brasil não preenche mais os requisitos exigidos para manter o estado de emergência. Um dos quatro pontos da avaliação de risco da OMS é de que o evento seja considerado incomum ou inesperado, o que não ocorre mais, visto que já há conhecimento científico suficiente que comprove a relação do Zika e as alterações neurológicas. O Governo Federal continuará tratando o tema como prioridade, incentivando pesquisas e mantendo a vigilância e assistência às vítimas.

Continua em funcionamento a Sala Nacional de Coordenação e Controle, criada em dezembro de 2015 para gerenciar e monitorar as iniciativas de mobilização e combate ao vetor, bem como a execução das ações do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia. Atualmente, além da sala nacional, estão em atividade 27 salas estaduais e 2.029 salas municipais.

AVALIAÇÃO DE RISCO – A avaliação de risco faz parte do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) como decisão para avaliação e notificação de eventos que possam constituir Emergências em Saúde Pública. A decisão pode ser tomada com base em quatro aspectos: o impacto do evento sobre a saúde pública; se o evento é incomum ou inesperado; se há risco significativo de propagação internacional; e se há risco significativo de restrições ao comércio ou viagens internacionais. Essas questões apoiam e norteiam a tomada de decisão em relação aos eventos de saúde pública.

MOBILIZAÇÃO - O último boletim epidemiológico, de 1º de janeiro a 15 de abril deste ano, aponta redução de 90,3% dos casos de dengue; 95,3% de Zika e 68,1% de chikungunya em relação ao mesmo período de 2016. No entanto, o período de maior incidência das três doenças segue até o fim de maio. Portanto, todos os esforços de prevenção e combate ao Aedes aegypti devem ser mantidos.
A redução nos casos das doenças pode ser atribuída a um conjunto de fatores, como a mobilização nacional contra as doenças e a maior proteção pessoal da população, a escassez de chuvas em determinadas regiões do país, o que desfavorece a proliferação do mosquito, e a proteção natural que as pessoas adquirem ao ter alguma das doenças em anos anteriores.

A participação da população nesse processo é fundamental, já que nenhum poder público pode enfrentar sozinho a eliminação dos focos do mosquito transmissor, Aedes aegypti. O cuidado dever ser constante, em especial a eliminação de locais com água parada e criadouros com mosquito.

ZIKA – Neste ano, até 15 de abril, foram registrados 7.911 casos de Zika em todo o país, o que representa uma redução de 95,3% em relação ao mesmo período do ano passado (170.535 casos). A incidência passou de 82,8 em 2016 para 3,8 neste ano. A análise da taxa de casos prováveis mostra uma baixa incidência em todas as regiões geográficas até o momento. Em relação às gestantes, foram registrados 1.079 casos prováveis em todo o país, sendo 293 confirmados.

MICROCEFALIA - Os casos de microcefalia não registram aumento expressivo desde maio de 2016. No entanto, cabe esclarecer que não é possível fazer comparações dos dados, uma vez que os critérios e protocolos para definição de casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central passaram por diversas adaptações ao longo do último ano, de acordo a evolução dos estudos e descobertas que foram feitas neste período.

Em 2017, foram confirmados 230 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita. Permanecem em investigação pelo Ministério da Saúde e pelos estados 2.837 casos suspeitos em todo o país. No total, 3.651 casos foram notificados ao Ministério da Saúde pelos estados.  

Desde o início das investigações, em novembro de 2015, foram notificados ao Ministério da Saúde 13.490 casos, com 2.653 confirmações. Outros 5.712 casos foram descartados e 105 foram considerados prováveis. Outros 1.784 foram excluídos do sistema, por não atenderem as definições de caso vigentes.


Fonte do texto:  Ministério da Saúde
Fonte da imagem:  Secretaria Estadual de Saúde /RJ


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Imagem de mico-leão-dourado é feita no Rio, após mais de um século.






Um mico-leão-dourado foi fotografado na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica, campus avançado para pesquisas em biodiversidade e saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Jacarepaguá. A espécie de primata exclusiva da Mata Atlântica brasileira - estampada na nota de R$ 20 - foi avistada juntamente com um grupo de saguis-de-tufo-branco pelos biólogos Iuri Veríssimo e Monique Medeiros, que trabalham na gestão ambiental e no levantamento da biodiversidade da Estação Biológica da Fiocruz.

Segundo o biólogo responsável pela gestão ambiental do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica / Estação Biológica, Ricardo Moratelli, o próximo passo é descobrir a origem desses animais - se são remanescentes de uma população local ou se foram trazidos de outra região e soltos na área. A Estação Biológica da Fiocruz fica adjacente e parcialmente sobreposta ao Parque Estadual da Pedra Branca, que abriga a maior floresta urbana das Américas, segundo cálculos da equipe de pesquisadores, há aproximadamente 50 km2 de florestas de baixada (entre 100–300 m) bem preservadas, que são o habitat preferido do mico-leão-dourado.


Primata da Mata Atlântica 

O mico-leão-dourado é uma espécie de primata exclusiva da Mata Atlântica brasileira. Os primeiros naturalistas europeus que visitaram a região do atual estado do Rio de Janeiro, entre os séculos 16 e 19, ficaram encantados com esses primatas e alguns exemplares foram prontamente coletados e enviados para a Europa, sendo formalmente descritos em 1766 pelo celebre naturalista sueco Carolus Linnaeus.

Registros do período colonial até inicio do século 19 indicam que a espécie ocorria ao longo de quase toda faixa litorânea do estado do Rio de Janeiro, incluindo o município do Rio. Devido à rápida perda de habitat ao longo dos séculos 19 e 20, a espécie foi localmente extinta na maior parte de sua área de distribuição. Até a década de 1940, a espécie ainda ocorria em Araruama e Maricá, mas logo depois ficou restrita à uma pequena região na bacia do Rio São João.

Na início da década de 1960, quando restavam cerca de 200 micos, o primatologista e conservacionista Adelmar Coimbra Filho estabeleceu as bases de um programa de salvamento para a espécie. Esse esforço se consolidou em um grande projeto de preservação, proteção e estudo do mico-leão-dourado, que desde 1992 é liderado pela Associação Mico-Leão-Dourado. Hoje, existem cerca de 3.200 micos vivendo livremente, com todas as populações concentradas em alguns poucos municípios do interior do Rio de Janeiro, sendo as maiores nas Reserva de Poço das Antas e Reserva Biológica União.


Fonte:  FIOCRUZ

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Arboviroses é tema de Sala de Espera na Policlínica Sérgio Arouca






Com o objetivo alertar os usuários sobre os riscos à saúde causados pelas arboviroses e a importância da prevenção, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realizou atividade de sala de espera na Policlínica Sérgio Arouca, em Santa Rosa, na última quinta-feira (04/05).

A equipe do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC/CCZ) desenvolveu bate-papo interativo, informando e orientando as pessoas que aguardavam atendimento sobre quais medidas são necessárias para se evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti (principal transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya no país) no ambiente domiciliar e demais de convívio.  Os usuários também receberam panfletos e revistinhas educativas.

O interesse pela temática, segundo a equipe, foi considerável, especialmente no tocante à outra importante arbovirose no momento, a febre amarela. “A receptividade foi excelente por parte dos usuários. Muitos quiseram saber mais sobre as doenças e a diferença de sintomas”, afirmou a agente Leila Neves.

Equipe do IEC:  Adriana Heizer, Daniele Caviare, Leila Neves e Lílian Barcellos


quarta-feira, 3 de maio de 2017

Alunos de hidroginástica recebem palestra sobre arboviroses






Dando continuidade às ações educativas em saúde sobre o tema Arboviroses desenvolvidas na AquaGym Academia, no Largo da Batalha, a equipe do setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde – do Centro de Controle de Zoonoses – realizou palestra para praticantes de hidroginástica na manhã de 06 de abril.  O objetivo foi alertar sobre os perigos à saúde causados por essas doenças – em especial, dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Os agentes Delcir Vieira e Patrícia de Oliveira fizeram um bate-papo interativo sucinta, destacando as principais medidas preventivas para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti (transmissor dos vírus causadores dessas arboviroses) no ambiente de convívio.

A participação foi ativa.  O grupo demonstrou interesse e esclareceu dúvidas sobre as recomendações e contraindicações da vacina contra a febre amarela.   A atividade contou com o apoio dos proprietários Rodney Gomes da Silva, George Monteiro Costa, e das professoras Renata de Oliveira e Roberta Gonçalves.